sexta-feira, 26 de novembro de 2010
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
Tipos de Copos
Tal como existem milhares de marcas e centenas de estilos de cerveja, também existem várias dezenas, senão mesmo centenas de copos. De facto, consoante o tipo de cerveja que estamos a beber, deveremos escolher um copo adequado. Por vezes, tal tarefa torna-se fácil, já que as melhores cervejas costumam indicar no rótulo qual o copo que deverá ser utilizado. Independentemente dessa referência ser feita ou não, tentaremos fazer aqui uma breve análise dos diferentes copos existentes no mercado e para que estilo de cerveja são mais indicados. Há pessoas que consideram esta corrente como mais um golpe de marketing de certas empresas para vender mais produtos. Pensamos que tal não reflecte a realidade. Apesar das razões comerciais que estão subjacentes a qualquer negócio, há realmente uma adequação do estilo de uma cerveja a um certo formato de copo. Por exemplo, é natural que as lagers sejam servidas em copos altos, por forma a que o gás e a espuma tenham possibilidade de crescer e mostrar todo o seu carácter. E a formação de espuma não é algo de somenos importância. Esta protege a cerveja da libertação de certos elementos essenciais que, não fora a sua existência, se perderiam no ar. Por outro lado, evita a entrada de ar na cerveja, algo que provocaria a oxidação desta e correspondente perda de qualidades.
Tendo isto em consideração, que estilo de copo utilizar? Bom, a resposta não é imediata e, em países como a Bélgica, tal torna-se verdadeiramente difícil. De facto, é habitual cada marca de cerveja ter o copo correspondente, o que faz com que existam centenas de copos de centenas de marcas. Como se torna humanamente impossível possuirmos todos os copos, apresentaremos apenas alguns formatos genéricos que servirão para a maior parte das cervejas que se lhe possam deparar (clique na imagem para ver o copo em tamanho maior).
Caneca/Mug/Stein - Pesada, resistente, larga e com uma pega, as canecas são mundialmente conhecidas e utilizadas. Mais ou menos engraçadas, vêm numa multiplicidade de formas e feitios e são excelentes para fazer brindes! Podem ser de vidro, cerâmica ou metal, por vezes têm uma tampa e o seu sucesso deve-se à quantidade de bebida que podem conter. Ideais para cervejas do tipo American Amber Ale, Roggenbier, Sahti, Irish Red Ale, Scottish Ale, Bock, Doppelbock, German Classic Pilsner, Bohemian Pilsner.
Copo para Witbier/Weizen - Nada sabe melhor do que beber uma Witbier no respectivo copo! Feitos de vidro fino, extremamente elegantes e compridos, estas autênticas obras de arte permitem admirar as cores da cerveja e o topo possibilita uma correcta expansão e desenvolvimento da cremosa espuma. Em geral, suportam até 0,5 litros de cerveja. Poderá utilizá-los com cervejas do tipo Dunkel Weizen, Gose, Weizenbock ou Hefe Weizen.
Copo em cilindro/Stange - Bastante comuns, estes copos em cilindro são de origem germânica e utlizam-se com cervejas delicadas, já que possibilitam a ampliação dos aromas e sabores do malte e do lúpulo. Em Portugal, é habitual servirem-se imperiais neste tipo de copos, apesar destes não serem os mais correctos. O cilindro é adequado aos géneros: Rauchbier, Altbier, Kolsch, Lambic-Faro, Lambic-Unblended.
Snifter - Um pouco maiores mas mesmo assim similares aos nossos cálices de brandy ou conhaque, estes copos têm um formato que os tornam excelentes para capturar os aromas de cervejas fortes, já que ajudam na sua preservação. Utilizam-se com Eisbocks, Barley Wine, Old Ale e Russian Imperial Stout.
Flauta/Flute - Estamos mais habituados a utilizar os copos em formato de flauta para beber champanhe ou espumante. No entanto, há cervejas que se dão muito bem com o formato destes copos. A sua elegância e o facto de serem esguios, assegura que o gás não se dissipa com muita rapidez, permitindo igualmente observar a cor e o corpo da cerveja com grande nitidez. Utilizam-se com os géneros Vienna, Schwarzbier, Lambic-Fruit, lambic-Gueuze
Pint/Becker/Tumbler - Quase cilíndrico mas bem mais largo do que o stange, o pint é bastante utilizado na Inglaterra e na Alemanha, por permitir beber vários tipos de cerveja, em grandes quantidades e por ter um desenho universal, barato e que possibilita um fácil armazenamento. É indicado para cervejas do tipo Smoked, Marzen/Oktoberfest, Steam Beer, Malt Liquor, Winter Warmer, Bitter e Pumpkin Ale, entre outras.
Pilsner - O copo de pilsner é o habitual copo das nossas imperiais. Entre as formas de um cilindro e de um cone, a sua estrutura permite manter a cerveja viva, para além de possibilitar a formação de uma boa espuma. Em Portugal, estes copos têm pouco mais de 0,2 litros mas em certos países da Europa podem chegar até aos 0,4 litros, como por exemplo na Alemanha e República Checa. São bons para os estilos American Macro Lager, Happoshu, German Classic Pilsner, European Strong Lager e Witbier.
Cálice/Goblet - São, em geral, autênticas obras de arte, muitos deles com dourado no rebordo, as letras da marca gravadas no vidro, chegando ao ponto de alguns terem relevo. São especialmente desenhadas para permitirem a manutenção da espuma e a possibilidade de se darem tragos avantajados. São perfeitos para as Abbey Dubbel, Abbey Triple, Belgian Strong Ale e Flemish Sour Ale
Tulipa/Tulip - Também já algo habituais no nosso país, os copos em formato de tulipa são muito elegantes e permitem suportar cervejas que produzam grandes quantidades de espuma. Bastante típicos da Bélgica, são ideais para os estilos Scotch Ale, Saison, Bière de Garde e Belgian Strong Ale.
As indicações que aqui damos não são algo de doutrinal e que se devam seguir cegamente. Há cervejas que se podem beber em dois ou três tipos de copos diferentes. Vejamos o caso de uma pilsner: tanto a poderemos beber numa caneca, como num copo de pilsner ou num copo cilíndrico. E, verdade seja dita, não se vai deixar de beber uma boa cerveja por não se ter o respectivo copo à mão. A ideia que gostaríamos de realçar é a de que existem copos específicos para os diferentes estilos de cerveja e se conseguirmos adequar um ao outro tanto melhor, já que a experiência ficará mais completa e enriquecedora.
Para além do tipo de copo, há outros aspectos que também se devem ter em consideração. Por exemplo, se lhe quiserem servir uma cerveja num copo gelado, recuse. O contacto entre a cerveja e o copo gelado irá provocar um processo de condensação, o que irá diluir a bebida enquanto que, ao mesmo tempo, se alterará a temperatura correcta a que a cerveja deve ser servida. Procure ainda lavar os seus copos à mão. Algumas máquinas de lavar louça deixam resíduo o que pode alterar o sabor e a espuma da cerveja. Tal ideia aplica-se também à secagem: é preferível deixar os copos secarem ao ar, pois os panos podem deixar partículas inconvenientes para a cerveja.
Finalmente, e caso tenha ficado curioso, aqui lhe deixamos alguns sites onde poderá adquirir, ou apenas admirar, copos e outros artefactos dedicados à nobre arte de beber cerveja.
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Brewdog Paradox: a cerveja do labrador
As cervejas escocesas da Brewdog chegam em alguns meses no País. A marca foi criada por James Watt e Martin Dickie em abril de 2007, quando ambos tinham 24 anos e estavam cansados das mesmas lagers e ales industriais de sempre no Reino Unido (vejam os padrões de cada um, aqui nos queixamos de cervejas industriais que, provavelmente, tem bem menos capacidade de emocionar um cervejeiro de carteirinha). A dupla se especializou em receitas extremas, mais notadamente as com teor alcoólico impactante – da Tokyo, com seus 18%, até a Sink the Bismarck, com obscenos 41%, nascida em disputa com uma cervejaria alemã pelo troféu de receita mais potente do mundo.
A linha, porém, também tem cervejas mais “light” (para os padrões da Brewdog, claro), e a Paradox é uma delas. Com “apenas” 10% de teor alcoólico, ela é uma imperial stout maturada em barris de carvalho usados, inicialmente, para armazenar Bourbon nos Estados Unidos, depois uísque na Escócia e, por fim, viraram morada da Paradox. A cerveja da foto aí de baixo foi comprada em 2008 pela Gi na sensacional loja Utobeer, em Londres – ela fica pertinho do Borough Market, um mercadão de comidas da cidade.
Desde o momento em que ela chega ao copo, a comparação inevitável é com a Harviestoun Ola Dubh, também escocesa, uma old ale com 8% de teor alcoólico maturada em barris de uísque de idades que variam de 12 a 40 anos – tomei a 18 e a 40, e a última é minha favorita. Como a Paradox já tinha um certo tempo de vida quando a tomei, decidi esperar pela chegada de representantes mais novos da marca – ela é uma das integrantes do lote que será trazido pela Tarantino - para fazer a comparação copo a copo. De cabeça, porém, fiquei com a impressão de que a Paradox tem uma nota muito marcante de madeira e um quê de uísque mais pronunciado, enquanto a Ola Dubh vai mais para o lado do malte chocolate, licoroso e baunilha. Para o meu gosto, a Ola Dubh leva ligeira vantagem, mas a Paradox também é uma bela cerveja. Resta agora esperar sua chegada para o duelo.
site: http://www.brewdog.com/
Colorado Ithaca – A Catarina iria pedir mais.......
Imperadores são realmente pessoas privilegiadas, e, quando recebem o epíteto de “Grande”, geralmente de bobos não têm nada… Catarina, a Grande, quando viajou à Inglaterra, conheceu as stouts e se apaixonou perdidamente. Gostou tanto que pediu que barris do escuro líquido fossem mandados para sua corte em quantidade suficiente para aplacar a sua sede. Porém, com a longa viagem, a cerveja nunca chegava em condições de ser consumida. Mas Catarina não se deu por vencida e utilizou aquele poder de persuasão que só os tiranos têm. Resultado: a cervejaria Barclay, em Londres, desenvolveu uma stout robusta e alcoólica o suficiente para aguentar o tranco da viagem e chegar em condições de ser consumida pela czarina e seus súditos. E a cerveja chegou de fato em perfeitas condições (tinha mais de 10% de volume alcoólico), fazendo um sucesso estrondoso e instantâneo na corte russa. Daí em diante esse tipo de stout foi batizada de Russian Imperial Stout.
A Colorado cunhou sua Imperial Stout com sotaque brasileiro ao desdobrar a boa experiência obtida na utilização de rapadura na produção da Colorado Indica utilizando rapadura preta na receita deste novo projeto. Inicialmente batizado de Colorado Vintage Black Rapadura, esbarrou na máquina burocrática governamental, travando frustrante e interminável batalha com o órgão responsável pelo registro de marcas, o Ministério da Agricultura. Finalmente, foi rebatizada de Ithaca, em alusão à Odisséia e à homérica luta travada para que a liberação se concretizasse. O longo envelhecimento forçado acabou sendo benéfico para a cerveja e o lançamento foi feito de forma caprichada, numa edição especial, em caixa de madeira, e garrafa vedada com cera dourada (em alguns casos, vermelha). O que vem dentro da garrafa é uma imperial stout legítima, equilibrada e incrível. Seguramente uma das melhores cervejas do Brasil.
Aparência: Cor preta, espuma morena densa e abundante, sem translucidez.
Aromas: Café, chocolate amargo, maltes torrados, frutas escuras (ameixa, passas), álcool.
Sabor: Café, chocolate, maltes torrados, banana passa, vinho do porto, licor de chocolate. Ficou licorosa, com belo corpo, álcool intenso (10,5%), que na degustação é perceptível mas não é extremo. Amargor proveniente mais da torrefação do que da lupulagem. A potência dos maltes, das notas torradas e do álcool estão equilibradas, resultando numa cerveja prazerosa de se beber.
A Colorado Ithaca pode ser comprada pelo site da própria Cervejaria Colorado: http://www.cervejariacolorado.com.br