terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Venenosa Imperial IPA (Brasil, 330ml)



Estilo: Imperial India Pale Ale


% Alc.: 9,1%


Aroma: lúpulo cítrico potente (e algo floral?), frutado (frutas cítricas), malte, leve nota de caramelo ao fundo, com suave tostado


Sabor: lúpulo cítrico (e floral?) intenso, cria sensação oleosa na boca, leve frutado e toffee ao fundo e no final do gole, que também é bastante seco e lupulado. Amargor alto, corpo médio a alto, carbonatação idem.


Cor: castanho médio, avermelhado, translucidez média a baixa


Espuma: bege clara, de média a alta formação e duração


Nota 4,0 - Bela cerveja; apesar do lúpulo ‘rasgante’, não é difícil de beber (para os mais versados, é claro). Para melhorar, quem sabe, poderia ter uma complexidade ligeiramente maior no aroma cítrico, para incluir elementos como abacaxi, por exemplo. Mas aí já é um momento um tanto Pedro de Lara do blogueiro…

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Quando comecei a procurar cervejas brasileiras extremas para a palestra que fiz no ‘Paladar do Brasil’, em agosto, uma das primeiras indicações que recebi foi a de que “o Paulo, do Paraná, tem umas receitas bem fortes”. O sujeito em questão é o Paulo Cavalcanti, irmão do Samuel, dono e cervejeiro da Bodebrown, de Curitiba, e mentor da linha de cervejas Venenosa. Ele me mandou duas de suas crias: a Imperial IPA e a Imperial Milk Stout. De fato, são duas “cacetadas”: a primeira tem 9% de teor alcoólico e 110 IBUs (ou International Bitterness Units, medida padrão de amargor, na qual uma base de comparação seria a “loura” do dia a dia, com cerca de 10 IBUs). A segunda, com 14,5% (batendo até alguns vinhos) e 100 IBUs.

A degustação foi boa e impressionou o público (que já havia se dividido entre o ressabiado e o empolgado com a caveirinha do rótulo). Felizmente, sobraram duas garrafinhas da Venenosa Imperial IPA para uma degustação mais calma depois da palestra. Uma delas é a que está aí em cima, analisada no mês passado. Ontem, soube pelo Paulo que a cerveja conseguiu registro no Ministério da Agricultura e pode, enfim, ser comercializada, o que deve ocorrer, na previsão otimista, a partir de dezembro. Ah, e que ela mudou de nome: chama-se, agora, Perigosa.

Nesse mesmo ínterim, a Colorado, de Ribeirão Preto, apresentou ao mercado a Double India Pale Ale, versão repaginada e turbinada de sua Índica, com mais de 75 IBUs. Competições à parte, creio que as duas cervejas chegam para levar o padrão das receitas disponíveis para venda no mercado a um novo e extremo patamar. O que é bom por um lado, para ampliar a variedade de estilos produzidos por aqui e colocar no copo e no paladar do degustador brasileiro algumas variedades novas de lúpulos (nos casos em que a escola americana é seguida à risca).

Mas também nos leva a algumas ressalvas, como a de cuidar para que não entremos em uma daquelas disputas malucas, como a que foi protagonizada pela Brewdog, da Escócia, e pela Schorch-Bräu, da Alemanha, para saber quem produz a cerveja mais alcoólica do mundo. Quanto mais alto se chega, maior é o risco de se ficar longe do básico, que é ter uma cerveja bem balanceada (mesmo no caso das extremas) como prioridade. Felizmente, não parece ser o caso da dupla.

Para saber mais sobre a Colorado Double India Pale Ale, que ainda não provei (culpa das eleições!!!), recomendo a leitura da análise feita pelo colega cervejeiro Paulo Bettiol, o Feijão, em seu site Obiercevando.





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